5 lições para minha filha antes dos 5

Ela já vai fazer 5! Como o tempo passou apressado. Minha visão das crianças de cinco anos mudou muito após eu ter a minha própria 'mini adulta' em casa. Num piscar de olhos aquela bebê que falava tudo errado e engraçado se transformou numa menina super-falante, tagarela mesmo. Da noite pro dia! Como num passe de mágica! Com um domínio sobre um incrivelmente extenso vocabulário, já conversa praticamente tudo sobre tudo, argumentando, se explicando e pedindo explicações.

É! Definitivamente ela não é mais um bebê. Ela já nem depende mais exclusivamente de mim! Tão cedo! Que dramático! Ela já tem sua relativa autonomia, já consegue fazer as coisas sozinha. Mais do que isso, ela não quer mais ajuda pra fazer muitas delas. Inclusive essa semana, ao fazer exame de sangue, não quis que a segurasse no colo, mas fez questão de sentar sozinha na poltrona para o procedimento. Pasmem!

E não para por aí. A vida dela não se resume mais apenas à nossa casa e seu círculo de amizades não se restringe mais aos familiares e aos irmãos da igreja. Ela já tem “sua” vida social, seus próprios compromissos (na escola ou na escolinha de balé, por exemplo) e seus amigos, muitos desses que nem conhecemos profundamente. Ela já passa horas sozinha, longe dos meus olhos e de meus cuidados maternais.

Parece tão precoce, mas é a doce realidade da vida, dos filhos. Quando dizem que logo eles crescem, nunca imaginamos que é tão logo assim, que com apenas cinco anos já estão tão grandinhos desse jeito.

Nesses cinco anos, que mais me pareceram cinco dias, fiz questão de ensinar algumas coisas sérias sobre a vida para a minha pequena. Mesmo tão pequena, ainda antes dos cinco, entendi que precisava ensiná-la algumas coisas que julgo as mais básicas e as mais importantes. Fiz questão de ensiná-la algumas lições de gente grande – parece que eu já sabia que ela precisaria de todas elas bem mais cedo do que eu imaginava. Coisas que desejo do fundo do coração que ela leve por toda a vida porque sei que vão proteger seus passos e o seu coração quando eu não mais puder estar por perto. Porque sei que vão fazer grande diferença, que vão nortear e determinar os rumos da sua história.

Lições de gente grande, mas que sua cabecinha de criança já pode entender e que sua vida “independente” de criança já exigem. Lições que eu quero que ela guarde no coração pra toda a vida, para que ela tenha uma vida boa, sábia, tranquila e, principalmente, agradável a Deus.

Filha, você é linda e especial do jeito que Deus lhe fez!
Antes de minha primeira filha nascer as expectativas quanto à sua aparência eram grandes. Não sei por qual motivo, mas as pessoas me cobravam, de certa forma, como se ela tivesse que nascer com a mesma cor dos meus olhos, com o mesmo tom de pele, com o mesmo tipo de cabelo ou, se não, seria o fracasso total. Eu mesma tive que lutar contra o sentimento que os comentários desnecessários me causavam. Minha filha é simplesmente linda, mas não herdou nada disso de mim. Nos primeiros meses tive que lidar com os olhares e comentários decepcionados das pessoas e essa foi a minha primeira oportunidade para ensiná-la que ela era linda e especial, bem do jeitinho que Deus havia planejado para ela ser. Ironicamente, a despeito das expectativas das pessoas, ela lamenta muito que eu tenha olhos azuis... pois é! Ela costuma falar com dó que todos em casa são do time marrom, e que só eu fiquei no time azul.

Tantas meninas vivem tristes e oprimidas por conta da aparência. Como eu desejo que minha filha cresça bem resolvida e satisfeita com Deus com relação ao que ela é: sua aparência, sua personalidade, seu caráter, seus dons - e que ela use tudo isso para a glória daquele que a planejou.

Filha, você não precisa ser igual a todo mundo!
Parece precoce, mas cedo nossos pequenos já demonstram a insatisfação com alguma característica pessoal ou o desejo de ser igual aos que lhe rodeiam. A minha pequena, depois das primeiras semanas na escola, me apareceu com um pedido que me surpreendeu – queria pintar o cabelo de loiro, pra ter o cabelo como o de uma coleguinha. Essa foi mais uma oportunidade que Deus me deu para ensiná-la que as pessoas são diferentes e que Deus havia criado cada um de uma maneira única e com um propósito diferente e especial. Ela não precisava querer ser igual a ninguém e nem precisava ter medo ou se sentir triste por ser diferente. Não somente na aparência, mas principalmente das habilidades, nas atitudes e nas escolhas.

É aquela velha questão de que ‘você não é todo mundo’. Pra quem tem Deus como Pai isso é principalmente verdade e necessário. Como eu desejo que minha filha não tenha medo e nem vergonha de ser diferente.

Filha, tudo o que você tem vem das mãos de Deus!
As coisas aqui em casa nunca foram fáceis no que se refere à questão financeira. Sempre dependemos diretamente da provisão divina para suprir as nossas necessidades. Isso nos rendeu inúmeras oportunidades pra ensinar desde cedo isso à minha pequena, afinal, se nós ou ela desejamos alguma coisa, a única forma de conseguirmos é pedindo a Deus – e só teremos se assim Ele desejar.

As pressões do consumismo também já batem à porta dos pequenos corações e a lição sempre é: você não precisa de muita coisa e tudo o que você realmente precisa o Senhor vai providenciar. Um brinquedo, uma roupa nova, uma festinha de aniversário, uma escolinha de esporte? Peça a Deus, se Ele quiser Ele pode lhe dar! E parece que ela aprendeu, pelo menos em parte. Certa vez, em conversa com uma tia que falava do seu desejo e necessidade de alguém que a ajudasse no serviço de casa, Valentina não pensou duas vezes e disse logo: Você quer? Pois peça a Deus! A tia não conseguiu conter o riso e foi logo repreendida: Eu estou falando sério!

Como eu desejo que minha filha cresça entendendo a nossa total dependência de Deus, em cada mínima coisa do dia-a-dia, seja ela a maior e mais complicada, seja ela a mais simples e aparentemente sem importância.

Filha, o que importa é o que Deus diz!
A pressão das amizades também já começa cedo na vida. Não saberia dizer quantas vezes minha filha chegou da escola ou da igreja falando que um amigo havia dito algo sobre ela ou sobre qualquer outro assunto e ela não havia concordado ou se agradado. Valentina herdou o sangue dos avós - até sobre política e religião ela já discutiu na escola. Essas ocasiões sempre foram ótimas oportunidades pra ensinar que o que importa não é necessariamente o que as pessoas dizem, mas o que Deus pensa e diz sobre determinados assuntos. Seja sobre o seu comportamento, seja sobre algo que se pode ou não fazer.

Como eu desejo que minha pequena cresça entendendo que, sobre tudo nessa vida, o que verdadeiramente importa é o que Deus pensa.

Filha, Deus sempre está ao seu lado!
Seja no momento do medo do escuro, seja na hora que ela vai ter que fazer algo sem a nossa supervisão, sempre aproveitamos essas oportunidades pra lembrá-la de que ela nunca está sozinha. Nos momentos difíceis de problemas ou nas horas de alegria e comemoração queremos fazê-la entender que a mão de Deus está alí, dirigindo as circunstâncias e conduzindo todas as coisas para que sirva para o nosso bem. Perdi minha mãe muito cedo e sempre imagino como será se o mesmo acontecer com minhas pequenas. Após o aperto no peito, vem a certeza de que assim como Deus cuidou de mim cuidará delas também. Não deixo de contá-la a minha história. Por mais que seja triste, a lição é preciosa: papai e mamãe podem não estar sempre presentes, mas o Deus que a ama mais que nós dois juntos sempre estará.

Como eu desejo que minha filha aprenda a sentir e a reconhecer a presença constante do Deus amoroso e justo ao seu lado. E que isso encha o seu coração de segurança, temor, reverência a Deus em todas as suas atitudes, escolhas e palavras.

Sobre tudo o que posso desejar para minha pequena, desejo que ame e tema a Deus com todo o seu coração e todo o seu entendimento. Essa é a minha oração, em nome de Jesus, amém.
Renata Veras