Afinal, o que é o amor?


Todo dia dos namorados contemplamos a uma das mais equivocadas celebrações do amor. Assistimos a um verdadeiro show no qual o amor é distorcido de todas as formas possíveis e imagináveis. “Pense menos e ame mais!” “Amor é pra sentir e não pra entender!” “Que seja eterno enquanto dure!” É fogo, é tempestade...

Pobre amor, sempre tão mal compreendido. Certamente o Autor e fonte suprema do amor assiste a tudo isso com uma pontada de decepção.

Paixão, atração física, desejo, cumplicidade, conveniência, interesse - o amor é confundido com tantas coisas que fica difícil de enumerar. Amor é sentir-se bem? É realizar-se e ter suas necessidades emocionais supridas? É ter alguém do lado? Parece que todo mundo tem algo a dizer sobre o amor, mas, de fato, poucos são os que sabem realmente o que ele significa.

Nesse dia dos namorados, certamente alguns sabem o que estão celebrando e fazem isso à luz do entendimento divino de amor, mas
infelizmente a maioria esmagadora pouco sabe sobre o assunto mesmo já tendo experimentado do amor do próprio Deus.

Mas afinal, o que é o amor? O que realmente significa o amor entre um homem e uma mulher?

O amor não tem exatamente a forma de coração ou buquê de rosas. O amor tem a forma de uma cruz, pois é na cruz que encontramos a melhor definição de amor e a melhor explicação sobre o que o amor faz. É I João 4 que encontramos a melhor definição de amor.

"Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele.
No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão."
1 João 4:7-11;16-21

Paul Tripp, em seu livro “O que você esperava?”, chama a nossa atenção para o real significado do amor, amor este que ele chama de amor cruciforme, e esta é a sua definição:

“Amor é estar disposto a se sacrificar para o bem de outra pessoa sem exigir reciprocidade ou que a pessoa amada seja merecedora dele.”

Em outras palavras:
- Amor é disposição,
- Amor é sacrifício,
- Amor é pensar no bem do outro,
- Amor é não exigir troca,
- Amor é independente de merecimento.

“Não há um só dia em seu casamento em que você não seja chamado a estar disposto. Não há um só dia em seu casamento em que não seja necessário algum sacrifício pessoal. Não há um só dia em que você esteja livre da necessidade de levar em consideração o bem do seu marido ou da sua esposa. Não há um só dia em que você não seja chamado a fazer algo que não será retribuído e a oferecer algo que não seja merecido. Não há um só dia em que seu casamento possa se entregar à correnteza dos acontecimentos sem ser inspirado por esse tipo de amor.”

Amar é decisão voluntária, que parte do nosso próprio coração. É uma disposição pessoal que se traduz em pensamentos, atos e palavras que visam o bem do outro. E agir para bem do outro inevitavelmente resultará em sacrificar nosso ego, nossas vontades, necessidades e desejos. Entregar-se para o bem do outro exigirá de nós abrir mão de nossos direitos. O amor tem em vista o outro e não a si mesmo. É motivado pelo interesse de oferecer o melhor para o outro e não pelo retorno que podemos ter.

“O amor o chama a ficar em silêncio quando você quer falar, e a falar quando você prefere ficar em silêncio. O amor o chama a agir quando, na verdade, preferiria esperar, e a esperar quando preferiria agir. O amor o chama a parar quando, na verdade, quer continuar, e o chama a continuar quando acha que deveria parar. O amor exige que você assuma a liderança quando preferiria seguir, e que siga quando preferiria assumir a liderança. O amor incessantemente o chama a ir contra seus instintos e seu conforto. O amor sempre exige sacrifícios pessoais. O amor o chama a abrir mão da sua vida.”

Você pode dizer que esse raciocínio tira toda a beleza, prazer e doçura do amor e o transforma em algo penoso e sofrido. Podemos pensar assim porque fomos moldadas pela ideia equivocada do amor como romance e sentimentalismo e esquecemos que o AMOR é Deus e que Cristo é a expressão máxima do AMOR. A essência do AMOR é o amor de Deus e nós só amamos porque Ele nos amou primeiro. AMOR é definido por Deus e é exemplificado perfeitamente no sacrifício de Cristo. Qualquer outra coisa é qualquer outra coisa – é agradável e tem seu valor, mas não é amor.

Em segundo lugar, temos dificuldade de amar verdadeiramente porque não compreendemos ou esquecemos o amor de Deus por nós. Entender a profundidade, a largura e a altura desse amor nos motiva ao amor voluntário. Quando olhamos para o amor de Deus por nós compreendemos a beleza, o prazer e a doçura de se entregar sacrificialmente pelo outro.

Tripp também nos ajuda a entender como viver o verdadeiro amor, o amor cruciforme, no dia-a-dia dos nossos relacionamentos com os nossos maridos. Ele oferece uma série de dicas que faço questão de resumir para que eu e você possamos entender e colocá-las em prática.


Amor é estar disposto a ter sua vida complicada pelas necessidades e dificuldades do seu marido sem ficar impaciente ou irritada.


Amor é a luta ativa contra a tentação de criticar e julgar seu cônjuge, e, ao mesmo tempo, procurar maneiras para encorajá-lo e elogiá-lo.


Amor é o compromisso diário para resistir a momentos de conflitos desnecessários que resultam quando apontamos o dedo e reagimos a ofensas menores.


Amor é ser amavelmente sincero e humildemente acessível em tempos de mal-entendidos, e estar dedicado à união e ao amor do que a vencer, acusar e querer ter razão.


Amor é o compromisso diário de reconhecer seu pecado, fraqueza e fracasso e para resistir à tentação de oferecer uma desculpa ou jogar a culpa no outro.


Amor significa estar disposto a examinar seu coração em vez de ir em sua própria defesa ou mudar o foco da atenção quando confrontado por seu cônjuge.


Amor é um compromisso diário para crescer no amor, para que o amor que você oferece ao seu marido possa ser cada vez mais altruísta, maduro e paciente.


Amor significa não estar disposto a fazer o que é errado quando algum erro foi cometido contra você, e significa ficar atento às oportunidades concretas e específicas para vencer o mal com o bem.


Amor é ser um bom estudante do seu cônjuge, estando atento às necessidades físicas, emocionais e espirituais dele, a fim de, de alguma maneira, livrá-lo do seu fardo ou oferecer-lhe encorajamento.


Amor significa estar disposto a investir o tempo necessário para discutir, examinar e entender os problemas que vocês enfrentam como casal.


O amor sempre está disposto a pedir perdão e sempre está comprometido a conceder perdão quando este lhe for pedido.


Amar significa reconhecer o grande valor da confiança no casamento e ser fiel à sua promessa, cumprindo a sua palavra.


Amor significa falar gentil e carinhosamente, mesmo em momentos de discórdias, recusando-se a atacar o caráter ou a inteligência do seu cônjuge.


O amor se recusa a lisonjear, mentir, manipular ou enganar de qualquer maneira para coagir seu cônjuge a lhe dar o que você quer ou para conseguir que sua vontade seja feita.


O amor se recusa a exigir do seu cônjuge que ele seja a fonte de sua identidade, do seu sentido e propósito ou do seu bem-estar.


Amor significa estar disposto a ter menos tempo livre, dormir menos e ter uma agenda mais ocupada, a fim de cumprir aquilo que Deus o chamou a ser e fazer como marido ou esposa.


Amor é o compromisso para dizer não aos instintos egoístas e fazer tudo dentro das suas possibilidades para promover união verdadeira, compreensão funcional e amor ativo em seu casamento.


O amar permanece fiel ao compromisso de tratar seu cônjuge com apreço, respeito e graça, mesmo nos momentos em que ele ou ela aparenta não mereça ou não esteja disposto a retribuir.


Amor é estar disposto a fazer sacrifícios regulares para o bem do casamento sem pedir nada em troca e sem usar seus sacrifícios para colocar seu cônjuge numa posição de devedor.


Amar é se recusar a tomar qualquer decisão pessoal ou fazer qualquer escolha que danifique seu casamento, magoe seu cônjuge ou enfraqueça o laço de confiança entre os dois.


Amar é se recusar a ser egocêntrico ou exigente e procurar maneiras específicas para servir, apoiar e encorajar, mesmo quando você estiver ocupado ou cansado.


Amar significa reconhecer diariamente diante de você mesmo, diante do seu cônjuge e diante de Deus que você é incapaz de amar sem a graça protetora, providencial, perdoadora, remidora e prestativa de Deus.


O amor é um compromisso específico do coração para com uma pessoa específica que o leva a se entregar a um estilo de vida específico de cuidado que exige de você a disposição para fazer sacrifícios pelo bem do outro.


Que nos exercitemos a cada dia a fim de amarmos verdadeiramente o nosso marido da forma como Deus nos amou e derramou o seu amor em nossos corações.
Renata Veras


Dica de leitura: O que você esperava? Expectativas fictícias e a realidade do casamento. Paul David Tripp. Editora Cultura Cristã.

Publicado originalmente em 14/06/2015, 19:02