Sobre excessos, modéstia, discrição e boas obras.
“Da mesma forma quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que professam adorar a Deus.”
1 Timóteo 2:9-10
“A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus.”
1 Pedro 3:3-4
E viva os excessos! Excesso de maquiagem, de adornos, de decotes. Excesso de vaidade e de luxo. Excesso de exposição, de atenção, de ostentação. Excesso de tempo e dinheiro investidos em excessos.
Excesso é tudo aquilo que não é necessário. É o que está a mais, além da conta, da medida. É o que resta depois do suficiente. E infelizmente as mulheres parecem ter uma tendência natural a serem levadas pelos excessos, principalmente no que diz respeito à sua aparência.
E não se engane, como já dizia o sábio Salomão, não há nada novo debaixo do sol. Essa parece uma tendência que tem acompanhado a história da mulher – basta voltar um pouco em nossa história e pensar nos poufs – aqueles arranjos gigantescos colocados nos penteados das nobres damas do século XVIII. A nada discreta Maria Antonieta não foi a única personalidade daquele século a usar esses tipos de penteados que de tão exagerados chegavam ao ponto de serem ‘singelamente arrematados’ (por favor, note a minha ironia) com objetos como réplicas de navios ou de praças e jardins.
O desejo de aparecer, de chamar a atenção e de se sobressair às demais deixou muitas chegarem à extremos ridículos e as fizeram entrar para os anais da história por tamanha bizarrice. Por esta mesma razão, nós mulheres precisamos ser constantemente lembradas e advertidas a não nos deixar levar pelos excessos, pela briga de egos, pelo sentimento de competição louca e acirrada em busca de atenção (já diziam que as mulheres se vestem para outras mulheres).
Podemos voltar um pouco mais no tempo às épocas bíblicas do Novo Testamento e nos deparar com o fato de que os pastores daquela época também tinham que lidar com o mesmo problema que temos visto hoje com relação às mulheres de sua igreja.
O apóstolo Paulo precisou dar aquele puxão de orelha na mulherada da igreja de Éfeso, lembrando-as de que o mais importante não é a aparência exterior, mas que a verdadeira beleza vem de dentro pra fora. Não pense que o contexto feminino era muito diferente do de hoje. Éfeso era uma cidade rica e as mulheres viviam numa espécie de concurso de beleza sem fim, cada uma querendo chamar mais atenção e conseguir mais popularidade – alguma semelhança com a nossa realidade?
Da mesma forma quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que professam adorar a Deus. 1 Timóteo 2:9-10
Longe do que muitas podem supor, ao chamar a atenção das mulheres de Éfeso, Paulo não acaba totalmente com a festa feminina ao decretar uma proibição do uso de jóias, adereços ou de roupas bonitas. Paulo não faz isso, mas adverte quanto aos excessos. Principalmente quando estes são substitutos da beleza verdadeira, no caso, as boas obras. Paulo adverte quanto ao perigo de dedicar toda sua atenção, energia e esforços numa competição fútil que desvia a atenção da mulher do que é mais importante – seu comportamento como filha de Deus, suas boas obras.
Assim como Paulo, Pedro também chama a atenção das mulheres de Roma para que não dediquem toda a sua atenção à sua aparência exterior à ponto de deixar os cuidados interiores com o caráter de lado. Parece que não é de hoje que Milão é referência nas passarelas internacionais. Assim como as mulheres de Éfeso, as mulheres romanas do período neotestamentário também adoravam seguir a última moda e, como todas as mulheres de todos os tempos e do mundo inteiro, competiam entre si sobre quem era a mais top.
A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus. 1 Pedro 3:3-4
(Para mais meditações sobre esse versículo, leia o texto: Duas coisas que não podem faltar no seu guarda-roupa)
Assim como no ensino de Paulo, Pedro chama a atenção das mulheres para que cuidem em primeiro lugar do que vai por dentro da roupa – seu caráter, sua conduta cristã. Quanto ao que vai por fora, a palavra de ordem é modéstia, moderação.
Modéstia não significa andar mal vestida, com trapos, panos de saco e cinzas. Não significa nunca cortar os cabelos e se despreocupar completamente da aparência. Não significa combinar roupas e cores de qualquer jeito sem nenhuma preocupação. Não significa abandonar o salto alto e só andar de rasteirinha, ou jogar fora todas as bijuterias e acessórios que você tem no seu guarda-roupa.
Cristo inclusive adverte quanto à prática de descuidar do corpo a fim de transparecer espiritualidade e piedade. Isso passa longe do significado de modéstia.
"Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, ponha óleo sobre a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê no secreto. E seu Pai, que vê no secreto, o recompensará". Mateus 6:16-18
Modéstia, na verdade, tem tudo a ver com moderação, bom senso. Desleixo e mau gosto nem ao menos combina com a natureza e o caráter de Deus que esbanja ordem, bom senso, beleza e harmonia em toda a sua criação.
A mulher deve glorificar a Deus ao refletir em sua forma de agir toda essa ordem, beleza, bom senso e harmonia que são características do seu Criador. É completamente possível usar joias e se vestir na moda e ainda assim honrar a Deus, desde que se tenha modéstia.
Modéstia é discrição, simplicidade, moderação, comedimento. É o extremo oposto de excesso.
A modéstia é aquele bom senso que nos impede de ultrapassar os limites do que é decente e apropriado. É aquele sensor que nos avisa se está exagerado, que nos faz ter vergonha de colocar o pé fora de casa. Infelizmente o ‘modestômetro’ de muitas de nós anda desregulado e muitas andam saindo de casa mais parecidas com Maria Antonieta, ridiculamente empavonadas de excessos: excesso de tinta, de maquiagem, de adornos, de decotes, de caras, de bocas, de vaidade e de luxo.
Ter modéstia significa ter equilíbrio, dando à aparência e ao caráter a atenção que lhe é devida. Significa priorizar conteúdo, não necessariamente esquecendo-se da forma. Significa cuidar mais do que está por dentro do que com a aparência. Modéstia significa chamar mais atenção pelo que você é do que pelo que você veste. Modéstia tem muito mais a ver com o coração.
Como diz a máxima: menos é mais. A mulher elegante de verdade é modesta, não gosta de exageros, mas se veste com bom senso, moderação, preocupada mais com aquilo que ela é, sem deixar de cuidar da sua aparência.
A vida cristã não é concurso de beleza e seu ministério não é ser bibelô.
As mulheres tem parte importante no Reino de Deus. Deus não as chamou para serem bibelôs e elas não ganharão galardões pelo quanto conseguiram ficar bonitas e na moda - isso se chama concurso de beleza. Cada uma tem um chamado e recebeu dons que devem ser desenvolvidos na igreja local. Seu papel não pode ser negligenciado ou toda a igreja sofre. Deus as chamou para a ação!
Por esta e outras razões, as mulheres não devem ser obcecadas a respeito de sua aparência. Não devem gastar todo o seu tempo, toda a sua energia (bem como todo o seu dinheiro) correndo atrás da última moda, dos acessórios do momento ou dos tratamentos e cosméticos de última geração. Antes, devem mais estar preocupadas e mais investir seu tempo e recursos em boas obras em favor da expansão do Reino de Deus.
Não permita que a obsessão com a aparência tome a forças, a energia, o tempo e o dinheiro que devem ser investidos em boas obras! Seus esforços com a aparência não devem vir antes e em detrimento dos seus esforços pela expansão do Reino de Deus. Há tempo e lugar para todas as coisas. Saiba colocar cada coisa em seu devido lugar: as coisas mais importantes em primeiro, e as demais coisas lhe serão acrescentadas.
De quem também precisa ficar atenta para não ceder à tendencia histórica aos excessos,
Renata Veras
[repost - publicado originalmente em 23/04/2015]
Sobre excessos, modéstia, discrição e boas obras. “Da mesma forma quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição...