por Isa Cavalcante Martins
“Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como convém a quem está no Senhor.” (Colossenses 3.18)
Não é fácil confessar pecados, muito menos publicamente. Mas o medo de encarar os olhares de alguns não pode ser maior que a alegria de poder ajudar pessoas que estão lutando contra os mesmos pecados que você. É por isso que eu decidi escrever esse texto. Quero compartilhar com vocês as minhas lutas cotidianas, quero mostrar as minhas fragilidades que são tão semelhantes às suas. Quero que vocês me vejam como a pecadora que sou, e que reconheçam que se faço algo bom é tão somente pela imensa graça de Cristo, pelo poder dele que se aperfeiçoa em meio as minhas muitas fraquezas.
Perdi meu pai aos quatorze anos. Desde então, passei a viver apenas com minha mãe e minha irmã. Morando em uma casa sem a presença masculina, tive que aprender a me virar sozinha. Aprendi a trocar lâmpadas, a matar baratas, a desentupir fossa e muitas outras coisas. Orgulhava-me em dizer que era o homem da casa. Por me sentir muito esperta e independente, a ideia de ser submissa a um homem não fazia nenhum sentido para mim. Eu me achava perfeitamente capaz de fazer minhas escolhas e de conduzir minha vida. Não queria um marido para mandar em mim.
Mesmo sendo cristã, eu não dava a devida importância ao padrão de submissão proposto pelas Escrituras. Fui sutilmente influenciada pelo feminismo, o que me levou a encarar a submissão como uma conduta impropria para as mulheres livres, inteligentes e independentes da minha época. Embora eu achasse as mulheres da Bíblia exemplares e inspiradoras, eu não queria ser como elas – mais que isso, eu não precisava ser como elas. Para mim, a submissão era apenas uma possibilidade, mas não uma obrigação minha enquanto cristã.
Quando meu esposo e eu começamos a namorar, logo ele percebeu que eu tinha uma enorme dificuldade em me submeter e começou a confrontar esse pecado em meu coração. Durante os anos de namoro e principalmente agora através do casamento, minha visão acerca do que é submissão se modificou bastante. Hoje eu entendendo que Cristo me manda ser submissa e que isso é o melhor para mim. É nessas certezas que me firmo todos os dias. É no evangelho que busco forças para lutar contra a minha personalidade controladora e ser a esposa submissa que Deus espera que eu seja.
Com o tempo, fui percebendo que muitas mulheres cristãs também têm dificuldade de ser submissas. Não há um só grupo de conversas femininas do qual eu tenha participado sem que a submissão tenha sido alvo de discussão. Isso se deve principalmente ao fato de não compreendermos o verdadeiro significado da submissão proposta pela Bíblia.
Ao longo de minhas observações e conversas, percebi que tanto homens quanto mulheres têm uma visão equivocada do que a submissão realmente significa. Na maioria dos casos, a submissão tem sido associada a passividade feminina diante da autoridade masculina, como se a mulher fosse uma espécie de robô que obedece sem nenhuma objeção a tudo aquilo que o homem ordena.
Esquecemo-nos que a submissão feminina proposta pela Bíblia só pode ser praticada plenamente em conformidade com um padrão santificado de liderança masculina. A mulher deve ser submissa no Senhor, ou seja, ela deve se submeter de uma maneira que agrade e glorifique a Deus.
Mas não se enganem, queridas. O fato de termos que conviver com homens indignos de nossa submissão não nos dá o direito de desonra-los. Longe disso, devemos procurar ser instrumentos de edificação em suas vidas, e isso só será possível através de uma postura mansa e prudente.
“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra.” (1Pedro 3.1)
Submeter-se é sempre difícil, mesmo quando temos como líderes homens justos e fieis a Deus. Penso que um dos efeitos do pecado na personalidade feminina é o desejo exacerbado pelo controle. Conheci pouquíssimas mulheres que não possuem uma personalidade controladora e oro incessantemente ao Senhor para me tornar uma dessas raras mulheres. Nós queremos o tempo todo que as coisas aconteçam exatamente como planejamos. Tentamos controlar cada detalhe de nossas vidas, diminuindo não só o papel masculino em nos liderar, mas principalmente pecando contra Deus ao desprezar sua soberania.
Nossa dificuldade de nos submetermos aos nossos maridos é apenas um aspecto de um problema bem maior, que é a nossa resistência pecaminosa em nos submetermos a Deus. Nós buscamos encontrar falhas na liderança masculina numa tentativa de desculpar a nossa insubmissão ao Evangelho, mas ser submissa não retira de nós a responsabilidade pelos nossos pecados. Mesmo quando somos mal lideradas pelos homens, não temos desculpas, pois nosso principal exemplo de liderança é Cristo, e ele foi incorruptível. É por meio dele e por amor a ele que nos submetemos.
“Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor.” (Efésios 5.21-22)
O processo de santificação é lento e, por vezes, muito doloroso, mas vale a pena passar por ele. Não há alegria maior do que olhar para quem éramos e ver o quanto o Senhor já fez em nós. Mesmo estando ainda longe de ser a mulher de provérbios 31, prossigo na luta, crendo que o Deus que começou boa obra em minha vida será fiel para completá-la.
Que possamos, a começar de mim, buscar força e auxílio em Cristo para vencer os impulsos de nossa natureza pecaminosa e exercer a submissão com prazer e alegria. Que nos submetamos completamente ao Espírito Santo, lançando sobre ele todas as nossas ansiedades e lhe entregando o total controle de nossas vidas, pois só assim nos tornaremos capazes de ser mulheres verdadeiramente submissas.
Um abraço de uma pecadora em constante luta contra e a insubmissão.
Isa.
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