feminilidade
Formando Mulheres em Dias de Ideologia de Gênero
Formando Mulheres em Dias de Ideologia de Gênero – Ensinando os Ideais Bíblicos de Feminilidade às Meninas
*Este conteúdo foi originalmente apresentado em forma de palestra e editado posteriormente para o blog.
Que tempos vivemos! Como muitos já tem observado, vivemos tempos em que precisamos defender o óbvio. Quem diria que um dia seria necessário ensinar a mulher a ser mulher!
Os ideólogos de gênero certamente diriam que precisar ensinar a mulher a ser mulher é uma prova cabal de que não existe essa tal feminilidade essencial, carregada por cada mulher ao nascer. Nós que conhecemos as Escrituras e o verdadeiro estado do mundo onde vivemos podemos afirmar que a essência da feminilidade existe e que ela precisa ser resgatada por causa dos efeitos devastadores do pecado sobre os gêneros. O pecado fez com que a ordem mais natural das coisas fosse subvertida (Rm 1:20-32).
Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza (Rm 1:26).
Sim, vivemos tempos de rejeição e completa desconstrução dos valores cristãos. Por essa razão este é um assunto necessário e urgente – para o bem da sociedade, da família e da igreja.
As questões sobre feminilidade se inserem na questão maior da relação entre os gêneros – e não há questão mais atual e pertinente que esta.
O que é ideologia de gênero?
Ideologia de gênero é a ideia (absurda) de que as pessoas não nascem com gênero definido. Os ideólogos de gênero fazem uma diferenciação (anti-natural) entre sexo e gênero e postulam que o sexo biológico não determina nenhum tipo de papel, função ou relação entre as pessoas na sociedade.
Os ideais de masculinidade e feminilidade nada mais são que meras construções sociais. Uma vez que os gêneros não possuem nenhum caráter transcendente, absoluto ou essencial, estão completamente abertos e passivos de interpretações, definições, escolhas.
Em outras palavras, os que defendem essa ideologia neutralizam o sexo e esvaziam o fato de se nascer homem ou mulher de qualquer significado intencional. Não existe natureza intencional ou permanente dos gêneros. As diferenças entre os gêneros são sem propósito e desnecessárias, irrelevantes. Não existem diferenças inatas importantes e nem papéis específicos para os sexos.
Essa ideia se traduz de maneira prática através de uma educação que não deve impor à criança que nasce uma orientação de funções e papéis de acordo com sua condição biológica. Ela deve construir sua própria identidade de gênero como melhor lhe aprouver.
A ideologia de gênero é a expressão final do humanismo e individualismo humano, que toma para si o direito de decidir e redefinir até mesmo aquilo que biologicamente não há como mudar – o sexo em que se foi criado por Deus.
Para deixar Deus de fora da equação, vão contra o óbvio, contra a experiência, contra a natureza, contra a razão, contra a ciência.
E o que o criador diz sobre os gêneros?
Aqui estão alguns pontos fundamentais do Ensino Bíblico sobre os gêneros:
1. Só existem dois gêneros - masculino e feminino – que são determinados pelo Criador. Nem existe o gênero neutro e nem o terceiro ou quarto gêneros.
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27
2. Masculinidade e feminilidade são estabelecidas no momento da criação, não são desenvolvidas socialmente. Papéis e hierarquias são determinados e comunicados por Deus no momento da criação.
Deus criou Adão já maduro, com um corpo masculino e uma identidade masculina definida. Não apenas isso, mas com funções e hierarquia bem definida. Uma identidade completa – biológica, ontológica, psicológica e funcional. O mesmo no que diz respeito à mulher. Não há espaço para escolha, seja de identidade sexual ou função.
3. Gênero não se distingue de sexo. Homem e mulher foram criados como uma unidade de corpo e espírito de forma que esta unidade corresponde a unicamente uma identidade de gênero.
Deus criou espíritos encarnados. Deus não criou primeiro o espírito e depois o corpo ou vice-versa. Homem e mulher foram criados em um ato divino único. O corpo é essencial para os seres humanos e cada corpo inclui uma identidade sexual. Logo a identidade sexual é essencial para a existência humana.
4. Homem e Mulher são criados iguais no que diz respeito a ambos serem feitos à imagem de Deus, serem iguais em dignidade e valor e terem o mesmo propósito maior de se relacionar com Ele e glorificá-lo.
Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27
Neste ponto a ênfase se faz necessária pois muito da recusa do ideal bíblico de feminilidade está relacionado à crença errada que Deus criou a mulher essencialmente inferior.
Homens e mulheres são criados iguais quanto à autoria. Ambos são criados por Deus e tudo que Deus faz é bom.
Homens e mulheres são iguais quanto a serem feitos à imagem de Deus. É o fato de sermos feitos à imagem de Deus que nos faz humanos, diferente do restante da criação. Homens e mulheres recebem igualmente inteligência, criatividade, capacidade para se relacionar, etc. A imagem de Deus em nós é o que nos confere dignidade e valor. É o que garante tanto a homens quanto a mulheres os chamados ‘direitos humanos’ e protege ambos de abusos, maus tratos, violência e morte.
Além de tudo isso, homens e mulheres recebem igual acesso de relacionamento com Deus e são alvos da sua benção.
5. Homem e Mulher são criados diferentes no que diz respeito à questões físicas e funções específicas. Homem e mulher não são a mesma coisa. São diferentes, frutos de dois atos criativos diferentes e distintos.
A diferença entre homem e mulher é carregada em cada célula, em cada cromossomo propositalmente projetado pelo Criador.
Igualdade em valor, dignidade – não é igualdade absoluta/sem distinção. Existem diferenças óbvias projetadas para serem vividas em complementaridade. Homens e Mulheres são criados diferentes em forma, funções específicas.
6. As diferenças entre homem e mulher são boas e necessárias.
As diferenças não são antagônicas, mas complementares
7. As desigualdades históricas entre homem e mulher não são fruto de suas diferenças.
Diferença absolutamente não é sinônimo de desigualdade. Embora as diferenças sejam boas, a entrada do pecado no mundo tratou de transformá-las em combustível para desigualdades entre os gêneros.
8. As diferenças entre homem e mulher são eternas.
As evidências bíblicas claramente nos mostram que, mesmo após a morte, continuamos com nossa identidade sexual embora as funções matrimoniais não mais existam.
É nesse ponto que chegamos à questão específica da feminilidade. O que é ser mulher? Em que está a diferença? Quais os papéis, funções e posição específicas da feminilidade?
Feminilidade
Antes de entrarmos no ensino bíblico sobre feminilidade, gostaria de falar um pouco sobre os ataques que especificamente a feminilidade vem sofrendo historicamente, porque isso explica muito do panorama da nossa realidade atual.
Enquanto a ideologia de gênero ataca os gêneros de uma maneira geral, não é de hoje que a feminilidade sofre tentativas ferozes de desconstrução e esvaziamento.
Ataques históricos à feminilidade
Satanás – em Genesis 3 Satanás induz a mulher a subverter a ordem preestabelecida e a joga contra o homem. Do pecado nasce a guerra entre os sexos. Não das diferenças funcionais entre homem e mulher.
Feminismo – vem esvaziar o significado de feminilidade, negar qualquer caráter transcendente do ser mulher. Podemos dividir a história do movimento em pelo menos três fazes. A Primeira Onda, no final do século XVIII e início do século XIX, a Segunda Onda, em meados do século XX (década de 50/60), e a Terceira Onda, na década de 90.
A fase mais expressiva do feminismo no sentido de esvaziamento da feminilidade é, sem duvida, a Segunda onda. Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo (1949) que serviu de combustível para o reacendimento das questões relativas à liberação sexual, retira de Deus o direito de definir o que significa ser mulher. Sua conhecida frase “Não se nasce mulher, torna-se mulher” defende a ideia de que o ideal feminino é uma invenção patriarcal.
Algumas características desta fase são:
•Desprezo e negação de uma ideia transcendente de feminilidade
O ‘eterno feminino’ nada mais é que um padrão de feminino (feminilidade) que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer e que é historicamente imposto às mulheres
•Defesa da completa autonomia feminina – somente a mulher tem o direito de definir ela mesma.
•Desprezo pelo casamento (monogamia)
•Desprezo pela maternidade
Segundo Beauvoir, a 'mulher está presa na sua realidade física'. A maternidade e a domesticidade são vistas como empecilhos para o pleno desenvolvimento feminino. As mulheres são aprisionadas pelos papéis de mãe, esposa e dona de casa – papéis estes determinados pelos homens (patriarcado).
Betty Friedam, influenciada pelos escritos de Beauvoir, da voz a essas ideias na América. Seu livro Mística Feminina (1963) é um verdadeiro tratado pelo desprezo à domesticidade.
Os papéis de esposa, mãe e dona de casa são vistos como a causa das mulheres americanas serem alienadas, frívolas, infelizes e frustradas. Em suas próprias palavras, “Donas de casa são sem sentido… não são pessoas”.
Segundo ela, nenhuma mulher é capaz de se realizar ‘apenas’ como mãe, esposa e dona de casa. O único meio se realizar como gente é através do trabalho criativo.
Porque a feminilidade está tão sob a mira do inimigo?
Atacar a feminilidade é atingir o núcleo mais básico da sociedade.
Toda essa construção ideológica de gênero faz parte de uma agenda anti-família, anti-vida, anti-cristiã que tem por objetivo destruir a forma e influência da família através do fim da família tradicional, do êxodo feminino do lar, do fim da autonomia da família e da terceirização da educação de seus filhos e, na sua expressão mais cruel, através de campanhas pró-aborto.
A sutileza da influência da distorção da feminilidade na sociedade e no meio cristão
Quanto o inimigo já ganhou com seus ataques? Analistas contemporâneos comentam sobre a morte da filosofia feminista. Infelizmente o que ocorre é que as ideias por ele defendidas já foram de certa forma tão popularizadas e incorporadas ao imaginário coletivo social que hoje se torna difícil distinguir o feminismo do pensamento social comum.
Infelizmente, todas nós, mesmo aquelas que nasceram em lares cristãos, nos tornamos ‘feministas’ em alguma medida.
Existe uma essência absoluta da feminilidade que foi cuidadosamente desenhada e projetada por Deus. Quem DEFINE o que é o feminino é o criador do feminino.
O que é ser Mulher?
Considerando as limitações de qualquer definição, digo que a mulher é “Uma criação especial e distinta de Deus à sua imagem e semelhança para atuar em parceria complementar indispensável com o homem e sob a sua liderança para a glória de Deus”
Ideias Erradas sobre Feminilidade
Aqui cabe uma importante nota sobre o que NÃO significa ser mulher. Ser feminina não é ser frívola, incapaz, fútil, vaidosa ao extremo. Alguns acusam a visão judaico-cristã de tornar as mulheres em pessoas frívolas e alienadas por atribuir a elas papéis específicos relacionados ao matrimônio, maternidade e domesticidade. Nada mais distante da realidade!
O ensino bíblico de feminilidade é que a mulher deve exercer seu mandato cultural através do pleno desenvolvimento de suas capacidades observando as suas prioridades e as funções divinamente ordenadas para o bem da sociedade e para a glória de Deus.
Com base no que vimos, feminilidade tem mais a ver com ser digna, capaz, ativa, necessária, respeitável, humilde. As Escrituras estão recheadas de exemplo de mulheres fortes, determinadas, que fizeram diferença no mundo sem desconsiderar seu papel ou função como mulher.
Ensinando os Ideais Bíblicos de Feminilidade
Com base no que vimos, como podemos ensinar as meninas a serem verdadeiras mulheres? Seguem, então, algumas dicas práticas.
- Ensinando a honrar a sua natureza feminina
Se portar com honra de forma digna de uma mulher criada à imagem e semelhança de Deus.
Desenvolver capacidades, intelecto, dons, talentos
Espelhar a beleza, ordem, o capricho do Criador através da forma como se porta, se veste, se cuida, fala.
- Ensinando a valorizar e nutrir os atributos de feminilidade (Tito 2:4,5)
Depois de ver a essência da feminilidade, faz todo o sentido o ensino de Paulo em Tito 2:4,5
- Ensinando a amar o casamento - pureza, castidade
Isso não significa incentivar relacionamentos fora do tempo. Cuidado com a hiperssexualização
Ensinando que relacionamento entre homem e mulher é coisa séria
Ensinando valores corretos de pureza, castidade, guardar o coração
Mostrando o casamento como algo bom, como benção
- Ensinando a amar a maternidade
Mostrando a maternidade como missão (benção) da mulher
Ensinando a valorizar a relação mãe e filha / ter bons exemplos
Ensinando a organizar as prioridades, a priorizar o que é mais importante em cada fase da vida (carreira / família - Tempos e tempos na vida da mulher).
- Ensinando a amar o lar e a domesticidade
Mostrando o lar como missão da mulher, não como prisão
Ensinando a valorizar a missão de educar os filhos
Ensinando a ser boas donas de casa – tudo para a glória de Deus
Mostrando as oportunidades de serviço no lar – lar como QG
- Ensinando a viver o caráter complementar dos gêneros
- Fim da guerra entre os sexos.
Ensinar a não ver homens como inimigos, mas como parceiros, herdeiros da mesma graça de vida.
- Respeitar e honrar as lideranças masculinas:
Ensinar a respeitar os pais, pastores líderes.
Esse ponto é especialmente delicado pela falta de figuras masculinas sadias em lares disfuncionais. Devemos ter em mente que muitas vezes, os únicos modelos de relacionamento de gêneros saudáveis que algumas crianças poderão ter virá (ou deverá vir) da igreja. A igreja pode ser o único lugar onde verão a hierarquia funcional estabelecida por Deus funcionando.
Chamada a uma Auto-avaliação
Algo de fundamental importância é o fato de que, certamente, a forma mais eficaz de ensinar esses valores às meninas que nos rodeiam é através dos nossos exemplos.
Por esse motivo, faço uma chamada a uma autoavaliação a fim de analisarmos como estamos como mulheres diante dos ideiais divinos para a feminilidade.
1.Você se porta com dignidade, como filha amada do Deus altíssimo? O seu modo de falar, de se comportar, de se vestir refletem o Deus que a criou?
2.Você reconhece e respeita o caráter complementar dos gêneros? Ou acha que pode fazer tudo sozinha? Vive em competição?
3.Você respeita e honra as lideranças masculinas estabelecidas por Deus sobre você? Marido, pastor, líder, pai?
4.Você valoriza a maternidade? Vê a maternidade como benção ou como empecilho, fardo?
5.Você encara a maternidade como uma missão e cumpre essa missão com zelo e excelência ou delega a sua função?
6.Você ama o seu lar e cuida dele como um centro importante de benção para a família? Ou ele é a última prioridade da sua lista? Você é ausente?
Um abraço carinhoso,
Renata Veras.
5 comentários
Maravilhosa reflexão! Como necessitamos diariamente nos voltar para o que nosso bondoso pai celestial nos reservou com tanto zelo!
ResponderExcluirOi Renata, gostaria que você falasse sobre métodos contraceptivos. Segundo a visão bíblica, seria correto prevenir gravidez? Isso se chama "controle de natalidade" num é mesmo? E a questão de Deus mandar que o homem multiplique.? Espero a resposta! Fica na paz de Cristo! Gosto muito dos textos, me edificam muito. Beijos
ResponderExcluirOi Shirleide! Essa é uma excelente questão!! Prometo que vou estudar a fundo o tema pra trazer uma resposta relevante e que reflita os princípios da Palavra de Deus. Abraco!
ExcluirQuerida Renata, excelente todos seus textos. Creio que são os textos mais equilibrados que tenho visto até agora, que não exagera nem para um lado nem para outro.
ResponderExcluirÉ difícil encontrar textos que mostrem o que é ser mulher ao luz da bíblia.
Só faria uma única observação quando a domesticidade como um papel da mulher. (Entenda, tem papéis que são do casal, e alguns da mulher como o dar a luz a uma criança, por exemplo).
Quando lemos lá em Ef 6:4, o termo pais está ligado ao sexo masculino! Outras passagens de conselhos de paulo tb se referem ao homem e não a mulher, logo a prioridade de educação dos filhos deve vir do homem, nós somos auxiliadoras. Logo temos que tomar cuidado para deixar a domesticidade ser firmada em aspectos da nossa cultura.
Todos os itens apresentados no item domesticidade estão ligados a masculinidade e feminilidade. Veja que a guerra entre os sexos tem acontecido justamente pq os homens tem jogado nos ombros da mulher o cuidado com o lar e com os filhos, e esse papel é conjunto, não tem como eu ligar ao homem ou a mulher apenas. Não é a toa que a Palavra fala do homem como Cristo que cuida da igreja, a mulher. Os cabeças não estão sendo cabeças. Mas enfim longo papo para outro post.
Deus abençoe!
Excelentes observações!
ExcluirAgradeço muitíssimo por chamar atenção para essa questão específica. Seu contraponto a respeito do papel de lider do homem e do papel da mulher de auxiliadora nas questões da domesticidade são realmente pertinentes.
Lembrarei de levar isso em consideração e refletir mais sobre o assunto a fim de escrever algo a respeito.
Abraço carinhoso!