vida cristã
[Série Colossenses – Parte 6] Conselhos Práticos para toda Cristã Genuína – Reflexões em Colossenses 4:1-6
A jornada pelo livro de Colossenses tem se mostrado ao mesmo tempo prática e fundamental.
Ao mesmo tempo que somos exortadas a examinar as nossas crenças, avaliar nossas convicções mais profundas e certificar de que estamos fundamentadas, edificadas e enraizadas no firme fundamento da obra de Cristo, somos desafiadas a viver de maneira digna da realidade de Cristo em nossas vidas.
A forma como pensamos, a direção para a qual olhamos, a maneira como agimos e reagimos – tudo é diferente quando verdadeiramente somos alcançadas pela realidade do que Cristo fez por nós. Não dá para se dizer verdadeiramente cristã e não ter a vida completamente transformada, completamente diferente daquilo que éramos antes.
Além de tudo o que já aprendemos, esses últimos versículos trazem alguns conselhos finais essenciais para toda cristã genuína:
Senhores, dêem aos seus escravos o que é justo e direito, sabendo que vocês também têm um Senhor no céu. Dediquem-se à oração, estejam alertas e sejam agradecidos. Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus abra uma porta para a nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo qual estou preso. Orem para que eu possa manifestá-lo abertamente, como me cumpre fazê-lo. Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um. Colossenses 4:1-6
São apenas seis versículos, mas a riqueza e abrangência desses conselhos é notável:
- Seja justa
- Dedique-se à oração
- Esteja alerta
- Seja agradecida
- Seja sábia no procedimento
- Aproveite ao máximo as oportunidades
- O seu falar seja sempre agradável
Apesar do espaço reduzido, gostaria de refletir um pouco sobre alguns desses conselhos/ordens (espero ter oportunidade de discorrer sobre os demais em outra ocasião).
1.Seja justa (v.1)
O contexto específico desse versículo se refere à relação entre senhores e servos, mas o princípio geral de que existe um Deus no céu completamente justo é suficiente para demandar de nós uma busca pela justiça em nosso proceder sob qualquer circunstância. A justiça de nosso Deus deve ao mesmo tempo nos constranger e nos motivar a agir com justiça e nos fazer temer ao lembrar que há alguém acima de nós que não deixará o injusto impune.
O capítulo anterior encerra com uma nota forte a respeito dessa questão:
Quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, e não haverá exceção para ninguém. Colossenses 3:25
Agimos de forma injusta quando violamos os direitos de outros. Esses outros podem ser nosso marido, nossos filhos, nossos amigos, nossos irmãos em Cristo, nossos funcionários (caso os tenhamos).
Você consegue imaginar em que forma você pode estar agindo com injustiça?
Agimos com injustiça quando exigimos mais do que convém ou quando não reconhecemos e não damos o crédito que é devido. Agimos com injustiça quando não cumprimos a nossa parte em um combinado, quando mudamos as regras no meio do jogo. Quando julgamos precipitadamente ou fazemos juízo de valor.
Na nossa missão materna somos convocadas quase que de hora em hora a julgar e exercer justiça no tribunal das pequenas causas dos filhos. Punir seus filhos por algo que não cometeram, exagerar na forma de repreender, tratar com medidas diferenciadas e não cumprir o que foi prometido podem ser maneiras de praticar a injustiça e desanimar os nossos filhos como podemos ver no capítulo anterior:
Pais, não irritem seus filhos, para que eles não se desanimem. Colossenses 3:21
Aquele que é completamente justo espera que ajamos de maneira justa com os que estão ao nosso redor. É preciso estar atenta para as nossas açoes e lembrar de que Deus exige justiça de nossa parte.
2.Dedique-se à oração (4:2)
Como mulheres do alto, cidadãs reais que mantem o pensamento nas coisas do alto, devemos viver uma vida de oração. Ao mesmo tempo que devemos ter uma prática orgânica de oração, andando em espírito constante de comunhão, intimidade e conversa com Deus (orações curtas, espontâneas, naturais, em meio às atividades corriqueiras), devemos nos dedicar à prática intencional e sistemática de oração. Para que possamos ir além dessa conversa íntima que se preocupa com nossos próprios interesses é preciso ter o mínimo de intencionalidade e organização.
A partir dos pedidos feitos por Paulo podemos pensar em alguns pedidos que deveriam estar em nossa prática diária de oração:
- Orar por aqueles que proclamam o Evangelho de Cristo: pastores, evangelistas, missionários.
- Orar para que oportunidades para pregar o evangelho se abram.
- Orar por liberdade religiosa e tranquilidade para a pregação do evangelho.
Como mulheres do Reino devemos nos dedicar a orar pelos interesses do Rei e o interesse dEle é que o seu Reino seja expandido através da pregação do seu evangelho. Como dito, para que nos dediquemos à oração pelo Reino é necessário o mínimo de organização e intencionalidade: listas de missionários, pedidos de oração específicos, informações sobre a situação do evangelho em países. Acima de tudo isso, é necessário compromisso diário de oração e intercessão. Uma boa prática é ter algum tipo de registro de motivos de oração.
3.Seja agradecida (4:2)
Nada me saltou mais aos olhos através do livro de Colossenses do que a ênfase do apóstolo Paulo na atitude de gratidão que deve fazer parte da vida do cristão genuíno.
Devemos viver de maneira digna do Senhor, sempre “dando graças ao Pai” (1:12), enraizados em Cristo e, por isso mesmo, “transbordando de gratidão” (2:7). Recebemos a ordem “Sejam agradecidos!” (3:15), como parte do revestir próprio da nossa nova posição em Cristo, estando sempre ricas de cânticos espirituais “com gratidão a Deus em seu coração” (3:16), fazendo tudo “dando por meio dele graças a Deus Pai” (3:17).
Agora, ao encerrar a carta, Paulo repete “Sejam agradecidos” (4:2).
Sejamos agradecidas por tudo o que Deus fez por nós, por toda a obra que Ele já realizou. Agradecidas pelo cuidado capacitador que nos é oferecido, pela oportunidade de sermos feitas filhas de Deus e participar do seu Reino como herdeiras, como filhas do Rei. Uma das marcas da mulher enraizada e edificada em Cristo é ser cheia de gratidão (2:7). Um dos trajes reais da nova mulher é ser agradecida por aquilo que o Senhor fez por ela (3:15).
4.O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um (v.6).
Eu não consigo pensar em nenhuma outra área em que as mulheres se encrenquem mais do que com as palavras. Pecamos (magoamos, criamos barreiras, afastamos as pessoas, damos mal testemunho) quando falamos por impulso, respondemos rispidamente, fazemos comentários grosseiros ou somos irônicas.
Creio que nessa área dois provérbios são extremamente valiosos. Um é um provérbio popular que diz que quando não se tem nada de bom para falar, melhor mesmo é ficar calada. Outro é um provérbio bíblico que nos ensina que quanto menos falarmos, menos problemas teremos.
"Na multidão de palavras não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente." Provérbios 10:19
Uma leitura rápida do livro de Tiago é o suficiente para nos deixar de orelha em pé com relação ao poder que temos em nossa língua. Não se trata de poder místico, mas do fato de que as nossas palavras têm efeitos e consequências. O que falamos tem efeito na vida daqueles que nos ouvem. Daremos conta das palavras que proferimos e pagaremos o preço pelas consequências das mesmas.
A questão é que se vamos falar (e teremos que falar) devemos cuidar para que cada palavra seja agradável. E que desafio tremendo é esse!
A advertência é para que nossas palavras sejam sempre ‘bem pensadas’, bem preparadas, saborosas, agradáveis. Lembrando do que diz em Provérbios, nossas palavras podem ser fonte de delícias, nutrição e energia para a alma, assim como o mel o é para o corpo.
“As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma e trazem cura para os ossos.” Provérbios 16:24
Nossas palavras podem ser como uma fonte cristalina ou como um poço salgado, como um doce sofisticado ou como um veneno mortífero – a escolha está na ponta de nossa língua. Cada uma de nós não escaparemos das consequências das suas palavras. (Leia mais sobre isso aqui)
Conclusão
Eis o que o nosso Deus espera de nós. Que vivamos de maneira digna da vocação a que fomos chamadas. Que pensemos nas coisas lá do alto. Que nos revistamos das vestes reais. Que sejamos justas, que nos dediquemos à oração, que estejamos alertas, que sejamos agradecidas, que sejamos sábias no procedimento, que aproveitemos as oportunidades, que cuidemos da forma que nós falamos.
E agora? Diante de um padrão tão elevado de conduta o que faremos? Desanimaremos, nos desesperaremos, desistiremos?
Relembrando o que vimos no primeiro capítulo, devemos ter em mente que sozinhas não damos conta, mas podemos (e na verdade devemos) viver nossa vida cristã em completa humildade e dependência de Deus. É ele que realiza tudo em nós! É interessante notar que para aquilo que Cristo espera de nós podemos recorrer à sua ajuda para alcançar. Podemos rogar ao Pai que nos ajude a viver de maneira digna de tudo o que Ele é e de tudo o que Ele tem feito por nós. E aquele que começou a obra de santificação em nós, nos aperfeiçoará até o dia em que seremos semelhantes à Cristo, quando, enfim, estaremos com ele em glória (Fp 1:6).
Que cresçamos em santificação, nos desembaraçando de todo peso de pecado que nos impede de prosseguir para o nosso alvo, reconhecendo o quanto ainda precisamos percorrer e que não conseguiremos sozinhas, vivendo em espírito de profunda humildade e dependência, com o coração sempre transbordante de gratidão por tudo que Cristo fez e tem feito por nós. E que aquele que nos amou, que nos tirou do reino das trevas e nos colocou no seu Reino, seja glorificado por meio de nossas vidas.
Abraço carinhoso,
Renata Veras.
Para Refletir:
De que maneira você pode estar agindo injustamente com aqueles que estão próximo de você?
Como você avalia a sua dedicação à oração? Excelente, regular, insuficiente? De que forma você pode melhorar a sua dedicação à oração pelas coisas do Reino?
Você se considera uma mulher murmuradora? Você costuma agradecer pelas pequenas coisas do dia-a-dia?
Qual o sabor que suas palavras costumam ter? De que forma você pode temperar melhor as suas palavras?
3 comentários
Renata, Deus seja louvado por sua vida! Continue contribuindo com nossa edificação através das suas palavras bem temperadas. Que o Senhor continue te iluminando, dando sabedoria e amor pelo serviço do Reino.
ResponderExcluirAmém, Valéria!
ExcluirObrigada pelas palavras de encorajamento.
Que Deus nos abençoe.
Abraço carinhoso,
Renata Veras
Que bênção, você já escreveu algum livro?
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