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DOMESTICIDADE NÃO É... adorar o lar (Parte IV)
(Não deixe de ler as três partes anteriores desta série!)
“...a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus próprios maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada.” Tito 2:5
“Cuida bem de tudo em sua casa e nunca dá lugar à preguiça.” Provérbios 31:27
“Aqueles que não cuidam dos seus, especialmente dos de sua própria família, negaram a fé e são piores que os descrentes.” I Timóteo 5:8
Que as mulheres devem ser boas donas de casa não nos resta dúvida. Ou pelo menos não deveria, uma vez que o ensino das Escrituras a respeito disso é bem claro. A dúvida ou o equívoco que geralmente paira no ar é o entendimento sobre o que isso significa.
O que significa ser uma boa dona-de-casa?
Quando Paulo fala sobre o dever das mulheres de serem ‘boas donas de casa’ ( ‘se ocupar em casa’, ‘trabalhar em casa’ em outras versões) certamente não tinha em vista simplesmente a mera ocupação com coisas materiais.
O cuidado das coisas materiais tem espaço importante na missão que temos nesse mundo. Quando Deus criou homem e mulher deixou claro que eles deveriam administrar e cuidar bem daquele lugar que era seu ‘lar’.
“Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam pelo chão.” Gênesis 1:28
Quando o povo estava no deserto em peregrinação, as instruções divinas incluíam o cuidado com o ambiente que servia de lar para aqueles que não tinham moradia fixa. Deuteronômio 23:12-14
Cuidar daquilo que Deus nos dá ou do lugar onde Deus nos coloca, entretanto, não é uma missão que se resume a ela mesma.
O ato de cuidar, administrar é uma forma de refletir a imagem inscrita em nós daquele que nos criou. Através do zelo cuidadoso de tudo que foi criado Deus é assim glorificado.
“Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar...” Gênesis 1:26
Os mandamentos a respeito de limpeza também não eram um mero culto à higiene – era uma forma de lembrar e testemunhar sobre a santidade de Deus.
Não fomos criadas meramente para servir à uma casa, a um amontoado de alvenaria, madeira e tecidos. Nossa casa, seja o planeta Terra, seja um barraco na favela, uma mansão à beira mar, uma tenda no deserto ou um quartinho nos fundos, além de servirem a nós para abrigo, proteção, deleite, servem a outro propósito maior: refletir a glória de Cristo. Nosso lar, assim como tudo o mais que existe, não existe meramente para nosso desfrute (ou para que o sirvamos), mas devem estar à serviço de Deus, devem servir para testemunhar.
“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Romanos 11:36
Nossa fé não se distancia da forma como vivemos. Pelo contrário, o que cremos afeta radicalmente cada mínima coisa que fazemos no cotidiano. Afeta ressignificando, dignificando, dando um propósito eterno para cada uma delas.
Refletimos a glória de Deus através das coisas triviais do cotidiano e isso inclui os trabalhos rotineiros do cuidado com a casa. É essa verdade que precisamos ter em mente para não nos perdemos no nosso zelo. Tudo o que fazemos deve visar a glória de Deus.
“Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31
Mas sabe o que acontece? Nós temos uma facilidade muito grande de trocar as bolas (e isso acontece muito comigo também). Passamos a servir àquelas coisas que, na verdade, foram feitas para servir a nós e, acima de tudo ao nosso Deus.
Temos a tendência pecaminosa de transformar coisas boas, lícitas, bênçãos em ídolos que acabam desviando o nosso foco, sugando as nossas forças, se transformando em peso e em fonte de frustração e descontentamento.
Isso me lembra a resposta de Jesus aos fariseus que o criticavam por fazer coisas boas no sábado.
E dizia-lhes: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; e, para dizer tudo, o Filho do homem é senhor também do sábado." Marcos 2:27,28.
Sim, Deus é Senhor também do nosso lar. Não somos senhoras soberanas sobre ele e, ainda mais importante, o lar não é senhor sobre nós.
Na nossa prática da domesticidade, podemos incorrer em muitos pecados.
- Podemos ter nossa alegria sugada pelo desejo excessivo de uma casa bonita ou de bens para ela.
- Podemos ter o tempo que poderia ser investido com nossos filhos, nosso marido ou outro ministério que nos foi confiado por Deus tomados pelo cuidado exagerado com a casa.
- Podemos ter o prazer da alegria atrapalhado pela mania excessiva de organização e limpeza}
- Podemos ter o prazer de desfrutar de comunhão com outros por vergonha do que temos (ou do que não temos)
Amar o lar não é amar os móveis, a decoração ou o projeto arquitetônico - as vezes nem os temos. Cuidar do lar não é apenas cuidar da organização e da faxina - as vezes essas coisas até precisam ficar para depois.
Fomos criadas para servir pessoas e não coisas – ao próximo como a nós mesmas e a Deus acima de todas as coisas.
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” Marcos 12:30,31
Amar o lar e se ocupar dele é entender que Deus deseja que você testemunhe e sirva a Deus com zelo, prazer e dedicação onde quer que Ele tenha te colocado - e isso inclui na sua família - fazendo tudo como para o Senhor, a fim de que a Palavra de Deus não seja envergonhada.
Que Deus nos ajude a não trocar as bolas, a adorar e o Criador e não as coisas criadas.
Abraço carinhoso,
Renata Veras.
2 comentários
Parabéns Renata! Com certeza pessoas são mais importantes que coisas. Afinal somos eternos,para a vida ou para a morte. Mas eternos!
ResponderExcluirGlória a Deus Renata pela disposição em edificar nossas vidas com posts tão profundos e verdadeiros.
ResponderExcluirQue o Senhor sempre nos ajude a não trocar as bolas,e quando escorregarmos nos traga de volta ao real sentido e motivação de tudo.