QUANDO É A HORA CERTA? Qual a idade certa pra ter ‘a conversa’ com as minhas meninas? Na dúvida entre mexer no que está adormecido e pecar por falar cedo demais ou pecar por perder o timing, Deus me colocou em certas situações que me fizeram revirar algumas memórias tristes da minha própria infância e me fez perceber que a hora certa de pastorear a sexualidade das nossas meninas já chegou.
Mesmo nascida em um lar cristão e criada por uma família extremamente cuidadosa e zelosa: tive contato com pornografia e apresentada ao autoerotismo quando era uma menininha de apenas 10 anos de idade (idade que a Vavá tem hoje), enquanto frequentava a casa de conhecidos. Aos 11 anos, sem a figura materna para me orientar ou tirar minhas dúvidas à respeito da minha intimidade e sexualidade, minhas fontes de informação e curiosidade (graças a Deus ainda não havia internet) eram as revistas de adolescentes das amigas da escola (terríveis conselheiras). Aos 13-14 anos tive uma experiência lamentável de exposição à depravação e sujeira sexual. Cheguei em casa após a aula com o tênis todo sujo de semen depois de um homem abrir sua calça, colocar suas partes íntimas para fora e se masturbar em cima de mim enquanto voltava de ônibus pra casa. Tudo isso pra dizer que:
- Não é cedo demais! Busquei muito para saber qual a hora certa para falar sobre sexualidade com as minhas meninas, até Deus me lembrar de que meninas são diferentes, famílias são diferentes, experiências são diferentes e que ninguém melhor que uma mãe atenta, amorosa e dependente de Deus pra saber a hora, a forma e a medida do que precisa e deve ser falado - em cada idade e em cada fase. Mas o fato é que nunca é cedo demais pra começar. Por exemplo, nunca é cedo demais pra ensinar que ninguém toca em certas partes do corpo das nossas meninas. E que ninguém deve mostrar certas partes do corpo para elas também.
- Não presuma que suas meninas estão seguras e nem ache que tudo isso está longe demais de você. Você se surpreenderia com algumas histórias, com a quantidade de mulheres que compartilham ter passado por coisas semelhantes e com a forma como tais experiências marcaram sua sexualidade. Não ignore as possibilidades de exposição à conteúdos sexuais e à perversidade da sexualidade humana distorcida. Esteja atenta e seja cuidadosa a respeito do que nossas meninas assistem, de onde andam, de com quem andam.
- Não subestime a curiosidade para assuntos sexuais. Uma curiosidade saudável sobre esse aspecto do que nossas meninas são como criação divina pode se transformar na porta de entrada para o contato com todo tipo de podridão e distorções sexuais. Não ignore o potencial escravizador dessas coisas. O acesso e o primeiro contato com certos conteúdos pode ser a porta de entrada para vícios e escravidão sexuais como, por exemplo, em pornografia (você se surpreenderia com o número de mulheres - e meninas - que lutam contra isso). Abrir o canal para uma conversa saudável entre mãe/pai e filha é a melhor forma de orientar a curiosidade de maneira sadia.
- Não ignore a força que as questões sexuais tem. É mais fácil empurrar para baixo do tapete e fingir que a questão não existe, mas, esteja certa, se você não ensinar, outra fonte vai ensinar. E assim falhamos no nosso papel e expomos nossas meninas como presas fáceis do maligno. Olho pra trás e vejo como o inimigo da minha alma tentou atrapalhar o que Deus tinha planejado pra mim tentando destruir e distorcer a minha sexualidade. Não esqueça que o nosso Inimigo anda em derredor. E que ele procurar as presas mais fáceis e ataca naquelas áreas mais vulneráveis - nossas meninas e sua sexualidade.
- Nem todas as meninas tem mães. Seja por falta real, por falta de cuidado ou por falta de conhecimento. Nós, como mães e mulheres mais experientes, tanto quanto possível, devemos cuidar das meninas que Deus aproxima de nós. Também devemos cuidar para que a nossa casa seja um lugar saudável e seguro para abençoar não somente as nossas meninas, mas a todas quanto passarem por lá.
- Não somos definidas ou vítimas inescapáveis do que nos acontece. Seja uma adulta com marcas sexuais de coisas que aconteceram na infância, seja um criança que teve sua mente o seu corpo marcados pelo contato com sexualidade doentia, em Cristo somos livres, limpas e libertas de toda impureza. Nele temos esperança, nova vida, novo futuro. Nele transformamos nossas experiências e nossas marcas em ferramentas para trazer esperança para outras e outras meninas.
Sobre algumas coisas temos controle, sobre outras não. Sobre todas está o controle do nosso Deus soberano que cuida de nós e de nossas meninas. Acima de tudo deve estar a nossa confiança e dependência em entregar nossas meninas ao cuidado amoroso do nosso Deus. Espero poder escrever e compartilhar ainda um pouco mais sobre o assunto, se assim Deus quiser e permitir.
Que Deus nos dê sabedoria, nos conceda graça e cuide de nossas meninas.
Um abraço carinhoso,
Renata Veras
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QUANDO É A HORA CERTA? Qual a idade certa pra ter ‘a conversa’ com as minhas meninas? Na dúvida entre mexer no que está adormecido e pecar...